Consultório

22.5.12


Quem de nós tem a coragem... 


de aceitar a sua imagem,
aquela imagem sem graça,
sem rasgos, imagem baça
que o espelho teima em refletir?
Quem de nós tem a ousadia,
no viver do dia a dia,
de retirar a mordaça
gritando ao vento que passa
o seu interno sentir?
Quem deixa cair a máscara?
Fantasia construída
de cada um para si.
Máscara de Rei, de Profeta,
de intelectual, de poeta,
de homem muito importante
que não esquece a cada instante
o gesto, o sorrir conveniente,
a vénia subserviente,
que nunca o desmascara.

 Quem deixa cair a máscara?

(Helena Guimarães)

 

VIVENCIA MÁSCARAS...  nossa "viagem" foi realmente inesquecível. Adorei ser a co-piloto dessa aventura..



























12.3.12

Vivência Máscaras

No último sábado ocorreu o encerramento do segundo grupo terapêutico de família no Coração de Mãe, sob coordenação da Psicóloga Márcia Henrique. A "Vivência Máscaras" veio como símbolo da busca pela mudança. A-DO-REI!!!


Usamos muitas e nem percebemos.Assumimos vários personagens e nem decoramos textos.Posamos de várias formas e nem trocamos de vestimenta.
As vezes até colocamos de propósito.
Se necessário, até fazemos roteiro.
Um traje adequado, faz parte da cena.
Isso é viver. Vivemos atuando
Representamos da melhor forma.
Mas são representações sinceras, honestas...
Quando colocamos máscaras, perdemos a nossa face.
Perda muitas vezes, irrecuperável.
Ou quem sabe, recuperada tarde demais.
Viva, represente o seu papel na vida.
Mas nunca, nunca perca a sua face.

10.3.10

Um sistema que recompensa...


As drogas acionam o chamado sistema de recompensa localizado no cerebro, uma área encarregada de receber estímulos de prazer e transmitir tal sensação para o corpo todo.
Isso vale para todos os tipos de prazer: temperatura agradável, emoção gratificante, alimentação, sexo, - e desempenha função importante para a preservação da espécie.
Evolutivamente o homem criou essa area cerebral de recompensa e e nela que AS DROGAS INTERFEREM.
Por uma espécie de curto circuíto elas provocam a ilusão química do prazer que induz a pessoa a repetir seu uso de forma compulsiva. Com a repetição do consumo, perdem o significado todas as fontes naturais de prazer e so interessa o prazer imediato propiciado pela droga, mesmo que isso comprometa e ameace sua vida.
A meta é a abstinência

"Dependendo do historico de problemas do individuo e dos danos inerentes a uma determinada substancia, a redução do uso pode representar um resultado favorável, ou a moderação pode ser vista como um passo intermediário para a abstinência, o resultado mais valorizado da Redução de Danos, pois a abstinência elimina o risco de danos." (Aconselhamento em Dependência Quimica - Laranjeira, 2004)

20.1.10

Dependência – critérios:
- compulsão ao consumo (desejo incontrolável de consumir)
- aumento da tolerância (aumento de doses maiores para o mesmo efeito)
- síndrome de abstinência (sintomas quando a cessação do consumo)
- alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo (consumo como alívio da abstinência)
- relevância do consumo (consumo como prioridade)
- estreitamento ou empobrecimento do repertório (perda das referências internas e externas – passar a usar no trabalho, por exemplo)
- reinstalação da síndrome de dependência (ressurgimento dos sintomas de abstinência após um período de abstinências) 

. . . Nenhum padrão de consumo está isento de riscos! O consumo quase sempre vem acompanhado de complicações (acidentes, brigas, perda de compromissos)
. . . Entre o bebedor social e o dependente incontrolável há inúmeros padrões de consumo.

Dependência – critérios DSMIV:
- padrão mal adaptativo com prejuízo em 03 ou mais dos critérios abaixo no período de 12 meses:
1. tolerância por necessidade de maiores quantidades ou por acentuada redução do efeito com a mesma quantidade de consumo.
2. Abstinencia caracterizada por sindrome de abstinencia ou para aliviar ou evitar sintomas de abstinência.
3. Quantidade maior consumida por período mais longo que o pretendido
4. Desejo persistente e esforços mal sucedidos para controlar
5. Muito tempo gasto na obtenção, utilização ou recuperação de seus efeitos
6. Abandono de atividades sociais em função do consumo
7. Uso continuado apesar de saber sobre os danos


Dependencia – critérios CID X:
- 03 ou mais dos seguintes requisitos em algum momento do ano anterior:
1. forte desejo ou compulsão
2. dificuldade em controlar o consumo
3. tolerância evidente
4. abandono de outros prazeres
5. persiste no uso apesar de saber sobre os riscos
Critérios para internação em Dependência Química . . . 

  • presença de comorbidades psiquiátricas graves
  • presença de complicações clínicas
  • perda de suporte social e/ou familiar
  • fracasso do ambulatorial associado ou não a complicações sociais 
  • risco para si e/ou outras pessoas
A entrevista inicial é o início, o primeiro contato, o contato do paciente consigo mesmo através do terapeuta. Um tipo de ação que venha do terapeuta terá influência direta sobre a resistência do paciente, por exemplo. Uma anamnese seguida com perguntas fechadas, por exemplo, não deixará fluir a entrevista. O terapeuta precisa das respostas, mas deve deixar o paciente à vontade para respondê-las. A primeira entrevista faz parte de todo o processo. Não basta só escutar com os ouvidos, mas uma escuta clínica que conduz à reflexão e que “segura” o paciente na primeira etapa do processo para que possam ir além com sucesso, ambos, terapeuta e paciente, cada no seu lugar.

16.1.10

Um amor exigido em 12 princípios...

Diz-se que o Amor Exigente nada mais é que um amor previdente. Um amor que só pode ser dado na medida certa. Não se pode dar o que não se tem. Pois esse é o primeiro princípio de um amor pé no chão.
Não dar aquilo que não se tem significa que não se pode esperar filhos fortes de pais fracos. É preciso que os pais se fortaleçam para então poder dar apoio aos filhos.
Pais também são gente e devem sentir-se dessa forma, sem a culpa paralisante, sem auto exigências fora do comum.
Os recursos dos pais são limitados e isso deve ser considerado na medida de uma disponibilidade dos filhos para tal compreensão.
Pais e filhos não são iguais e por isso os papéis devem estar estabelecidos de forma clara, sem atropelos.
A culpa não serve. De nada adianta a família paralisar-se na culpa. O problema pede solução.
Comportamento de pais e filhos se afetam mutuamente. É preciso buscar lugares claros e mudanças para a melhor ressonância nessas relações.
É preciso ter atitude em busca de solução, sem omissão.
Administrar crises é transformá-las em possibilidades de crescimento, de rever idéias e papéis, ajudar e ser ajudado.
Ter um grupo de apoio é fundamental, pois é na relação com o outro que está a riqueza.
Exigir a cooperação dos filhos nas tarefas é proporcionar sentido de cooperação.
Disciplina significa limite, significa amor. É educar a vontade.
Dizer não é necessário para delimitar limites. Limite é amor.
Alguns aspectos da relação médico-paciente...

Hipócrates, considerado o pai da medicina, viveu cerca de 300 anos antes de Cristo e pode-se dizer que foi o primeiro grande observador médico. Ao atender um paciente que sofria com a “doença da languidez” conseguiu o que outros colegas tentaram sem sucesso: a cura daquele paciente deprimido. Isso ocorreu em conseqüência de sua “escuta”, pela sua capacidade de observar o paciente naquilo que ele desejou contar. Tempos depois Freud, este inaugurador do espaço da fala, referindo-se ao ato sintomático no caso Dora, nos dirá que “aqueles cujos lábios calam denunciam-se com as pontas dos dedos; a denúncia lhes sai por todos os poros”. Isso valida a importância da escuta médica em relação ao paciente no sentido da observação utilizada na prática Hipocrática.

Por muito tempo associada à cura quase mágica, a medicina e mesmo o lugar do médico foi sofrendo modificações ao longo dos tempos. Em sociedades primitivas era o xamã que expulsando maus espíritos trazia o alívio aos doentes. A doença estava ligada ao castigo sofrido pelos pecadores e o cristianismo seguiu mantendo essa concepção estendida à tradição de segregação dos leprosos e depois dos loucos que eram considerados impuros. O médico tinha uma posição de poder primeiramente ligado ao espiritual e secundariamente às enfermidades propriamente.

No século XVIII se assinala uma nova prática e o médico então passa a visitar o doente e a observá-lo sistematicamente e de forma comparada. O médico ainda é apreendido na forma xamânica. Segundo Foucault (1992) no hospital encontrava-se loucos, doentes, devassos, prostitutas e a função médica de cura e inserção social não ocorria. Até que o processo de “medicalização” ocorresse, não havia médicos diariamente nos hospitais e somente os serviços religiosos eram oferecidos diariamente (em especial a confissão, obrigatória a todos que se internassem). O médico vai aos poucos tomando o lugar do leigo/religioso, pois é no hospital que o saber médico começará a tomar nova forma e em torno de 1770 o aprendizado passa a ter orientação dentro do hospital, ou seja, sua formação passa a acontecer dentro do hospital (até o século XV, quem a ensinava eram, em sua maioria, membros do clero, sendo a estes igualmente destinados o ensino).

Segundo Foucault (1992) o século XVIII trouxe o hospital, exércitos e escolas como espaços de poder exercido sobre o indivíduo que é examinado e o exame passa torna-se vigilância e classificação permitindo catalogar os indivíduos.

Em seguida do nascimento do hospital em si, o paciente passa então a ser mais investido e as questões econômicas entram em jogo. FOUCAULT (1992) traz também a relação médica num contexto de poder capitalista e vê a história da medicina se modificando a partir das mudanças de relação de mercado. O capitalismo socializara então uma medicina que até o século XIX era privada. O corpo fora socializado a partir de um contexto de controle social sobre os indivíduos enquanto força de produção, de trabalho. No Brasil, no século XIX, acontecia a criação das primeiras Casas de Saúde e a reforma da Santa Casa de Misericórdia.

Vemos no Brasil de 1902, período de Rodrigues Alves como presidente do Brasil, a indicação política para que Osvaldo Cruz cuidasse da saúde pública, pois a febre amarela, a peste e a varíola matavam mais do que a violência nos dias de hoje e a cidade do Rio de Janeiro tinha fama de uma cidade adoecida. Osvaldo Cruz então fez campanhas contra tais doenças gerando insatisfação geral e, inclusive, precisando da intervenção do exército. Aqui a medicina se insere num contexto histórico de opressão, pois as campanhas eram obrigatórias e cobradas financeiramente da população.

O homem contemporâneo é solicitado a pensar sobre seu tempo. Progresso tecnológico e ética devem ser integralizados. A ética diz de um profissional que preze sua postura e atitudes para que a sua prática não seja desastrosa.

Como princípios médicos fundamentais temos a não discriminação em relação ao paciente, a reciclagem constante em benefício do paciente, o respeito à vida. O médico deve respeitar a si enquanto profissional, aos seus colegas e aos pacientes. Em nome da ética deve o médico agir, respeitando critérios, visando o bem comum. É sua postura ética que vai estabelecer a relação com seu paciente norteando sua prática.

Quanto aos modelos de relações médico-paciente, temos o Modelo Sacerdotal baseado na tradição hipocrática e que assume uma postura paternalista com relação ao paciente. O médico nesse modelo assume um papel de poder e autoridade sobre o paciente que se coloca submisso. O Modelo Engenheiro traz o paciente responsável pela tomada de decisões, enquanto o médico é um prestador de serviços. O Modelo Colegial equipara os papéis na relação médico-paciente e o poder é compartilhado igualitariamente. O Modelo Contratualista considera a autoridade médica e sua responsabilidade pela tomada de decisão e técnicas, mas considerando o sujeito paciente ativo.

Existe na medicina contemporânea um fascínio pelos exames complementares. Ainda vemos médicos meio deuses fascinados pelos aparelhos que entram no organismo e investigam o oculto. Mas a alma escapa ao aparelho e quando não houver sintoma, o médico não estará convencido?
Fluxograma da Droga


O fluxograma da droga se apresenta como uma cadeia de flexas onde violência e estigma são apontados e redirecionados a atingir todos os lados. complicado pensar como tal cadeia daninha configura espaços e se sustenta.
O tráfico nasce da necessidade que o ser humano tem em usar drogas e se afirma no contexto social cheio de problemas.
Numa sociedade onde as relações se dissipam e o consumismo se exarceba, desmantelar esse "caminho" para o prazer rápido e fácil, e diria até "urgente", se torna utopia.
O esquema do terror começa na produção e ao chegar até o usuário já corrompeu meio mundo de humanos... e segue o submundo, o "sem lugar" que reforça cada vez mais o estigma.
Por onde anda a saúde pública?


A dependência química por se tratar de doença multifacetada certamente que inclui a família como fator de entendimento e tratamento no campo da psicodinãmica. Nos parece nítido quando nos percebemos num tipo de "era de acorrentados" inundando telejornais. Mães desesperadas, desinformadas, adoecidas, acorrentam seus filhos tentando solucionar o problema.
A falta de recursos psicológicos impede que a família se perceba parte do processo e o ecaminhamento para a resolução fica mais distante.
O papel da família daquele que sofre de dependência química deve ser de apoio. Buscar ajuda também é essencial - e grupos de ajuda mútua como por exemplo o Amor Exigente é reconhecido instrumento a favor da vida.
A "era dos acorrentados" nos diz algo. Nos diz do vazio das pessoas, de sua solidão, do descaso da saúde pública.
Dependência Química


Atualmente, a medicina define droga como qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento.
Uma pessoa poderá iniciar o consumo por curiosidade ou divertimento, mas poderá vir a desenvolver o uso nocivo indo em direção à dependência. Algumas pessoas experimentarão e perderão o interesse. Outras terão a sensação de que não mais poderão viver sem a droga. O que complica é que um indivíduo quando em contato com a droga estará envolvido com sua predisposição biológica, antes de tudo. Genética, dinâmica familiar, aspectos psicológicos e sociais, também poderão ser determinantes.
Algumas pessoas ao usarem drogas estarão em busca de alívio de sintomas, a chamada “automedicação”, significando que a questão da comorbidade também estará envolvida em alguns casos. Por outro lado, algumas pessoas poderão desenvolver doença mental a partir do uso de drogas.


Segundo classificações diagnósticas, poderíamos dizer que o uso nocivo ocorre quando há recorrência do fracasso em cumprir obrigações, perigos físicos, problemas legais, uso continuado apesar de problemas sociais persistirem, dano real causado à saúde física ou mental do usuário. Já a dependência acontece quando há compulsão ao consumo (desejo incontrolável de consumir), aumento da tolerância (aumento de doses para alcançar o mesmo efeito), síndrome de abstinência (sintomas quando há cessação do consumo), alívio ou evitação da abstinência pelo aumento do consumo (consumo como alívio da abstinência), relevância do consumo (consumo como prioridade), estreitamento ou empobrecimento do repertório (perda das referências internas e externas – passar a usar no trabalho, por exemplo) e reinstalação da síndrome de dependência (ressurgimento dos sintomas de abstinência após um período de abstinência).


É bom lembrar que nenhum padrão de consumo está isento de riscos. O consumo quase sempre vem acompanhado de complicações (acidentes, brigas, perda de compromissos, etc). Entre o bebedor social e o dependente incontrolável há inúmeros padrões de consumo.


A dependência química é doença, mas o paciente tem responsabilidade pelo processo de cura. Para tanto, a família deverá também estar engajada num movimento de saúde, orientando-se acerca de suas responsabilidades enquanto parte da dinâmica.


Menos de 5% que iniciaram um tratamento não recaem. Mais de 70% recaem nos primeiros 03 meses de tratamento. A abordagem motivacional é a mais utilizada e o tratamento ambulatorial é valorizado, mas há casos em que o paciente precisará ser internado (presença de comorbidades psiquiátricas graves e de complicações clínicas, perda de suporte social e/ou familiar e fracasso do ambulatorial associado ou não a complicações sociais). Buscar ajuda profissional é o mais indicado. O profissional realizará o diagnóstico em relação ao consumo de drogas e fará o encaminhamento mais adequado ao tratamento.
Quanto à neurobiologia da síndrome de abstinência à dependência de nicotina ela é mediada pela noradrenalina e se inicia 08 horas após o último cigarro, atingindo o auge no terceiro dia.

Quanto ao quadro clínico da síndrome de abstinência à nicotina, são sinais e sintomas: disforia ou depressão, insônia, irritabilidade, frustração, raiva, ansiedade, inquietação e menor concentração, diminuição da FC, aumento de apetite e de peso.
Quanto a neurobiologia da dependência à nicotina, podemos dizer que a nicotina é substância química responsável pelo alto potencial dependógeno do tabaco. O tabaco contém mais de 4.000 substâncias químicas. Os receptores de nicotina estão presentes principalmente no córtex, tálamo, área tegumentar ventral, locus ceruleus, amígdala, núcleo interpenducular, septo e núcleos motores do tronco cerebral. No SNC a nicotina estimula a liberação de dopamina no sistema de recompensa cerebral proporcionando reforço positivo do uso. No sistema nervoso periférico a ação da nicotina estimula gânglios autonômicos levando à liberação de grande quantidade de neurotransmissores como acetilcolina e noradrenalina. A nicotina também proporciona a liberação no SNC do hormônio prolactina, hormônio do crescimento e ACTH.
... Quanto ao mecanismo de ação da nicotina, são similares àqueles que determinam a dependência de heroína e cocaína. O primeiro uso gera efeitos desagradáveis, ma que diminuem rapidamente, o que desenvolverá a tolerância, estabelecendo-se um padrão típico de consumo diário. Em alguns meses poderá já ocorrer sintomas de abstinência. Causa doenças cardiovasculares, câncer, doenças respiratórias, entre outras. Com a queima do cigarro há liberação de nicotina que é responsável pela dependência do tabaco -> uma AMINA terciária volátil que estimula, deprime ou perturba o SNC e todo o organismo, dependendo da dose ou da freqüência utilizada. É então produzido pela queima do cigarro o monóxido de carbono e outros produtos tóxicos que vão alterar a oxigenação dos tecidos. As ações da nicotina no SNC são mediadas por receptores iônicos distribuídos por todo o cérebro e coluna vertebral. A ação periférica está nos gânglios autonômicos, na supra renal, nos nervos sensitivos e na musculatura esquelética.
A abordagem do fumante é definida a partir do consumo e dos problemas associados levando-se em consideração a disponibilidade do local de tratamento:


Na primeira linha de tratamento -> reposição de nicotina e terapia comportamental breve grupal
Na segunda linha de tratamento -> grupos de auto-ajuda e medicamentos (podendo ser coadjuvantes efetivos) (utilizar mais que um recurso melhora a efetividade do tratamento)
Aconselhamento Mínimo -> 03 a 30 minutos (=menor intensidade e intensiva)
Em serviços de atendimento primário -> orientação e motivação para cessar o uso
Estratégias Motivacionais -> quando o fumante não mostra interesse em interromper o uso

"Prós e contras" para o uso...

Quando há fissura -> explicar ao paciente o que é fissura -> quanto mais abstinente mais forte estará o paciente -> identificar o tipo de fissura (cognitiva, somática, afetiva)

Verificar as atitudes impensadas para exercício do auto-controle (negar a fissura gera impulsividade) Identificar e evitar os “gatilhos”(= situações desencadeantes de fissura -> mapear as situações)

Maneiras de lidar com a fissura -> evitar distração (listar coisas a serem feitas quando ocorrer) -> conversar sobre a fissura -> vivenciar, experienciar a fissura (pico, súbito e descendente) -> lembrar as consequencias negativas do consumo -> conversar consigo mesmo contrapondo pensamentos que estimulam ao consumo qdo há fissura.

Medicação de primeira linha para o tratamento da dependência de nicotina é a BUPROPIONA.

Primeira linha nos EUA/para adultos/que fumam até 15 cigarros por dia/iniciar com 150mg por dia duas semanas antes de cessar o uso até o terceiro dia passando em seguida para 300 mg por dia por 07 a 12 semanas.

Medicação de segunda linha -> CLONIDINA e NORTRIPTILINA (para aqueles que não se beneficiam da Bupropiona.
Obs. Reposição de nicotina + Terapia Comportamental = mais efetiva/indicada
Obs. Material didático de auto-ajuda, aconselhamento por fone e estratégias motivacionais melhoram a efetividade do tratamento.
Obs. Alternativas como acupuntura e hipnose tem resultados pouco efetivos.
Vacas, seres oníricos... as vacas nos fazem sonhar...

Um amigo tinha um sítio. Colocou nele uma vaca. A vaca lhe dava uma enorme despesa. Teve de construir um estábulo, além de comprar uma picadeira de cana para a ração. As pessoas ajuizadas de sua família tentaram trazê-lo de volta à razão.
“Com as despesas todas que a vaca lhe dá, o leite dela é o mais caro da cidade! Seria mais barato e prático comprar o leite nos saquinhos plásticos...”
Mas ele me confessava: “Eles não entendem... Eu não tenho a vaca por causa do leite. Eu tenho a vaca porque gosto de ficar olhando para ela, aqueles olhos tão mansos, aquele ar tão plácido, tão diferente das pessoas com quem lido... Tenho a vaca porque ela me faz ficar tranqüilo...”
Meu amigo sabia aquilo que os seus práticos familiares não sabiam: que uma vaca, além de ser um objeto com vantagens práticas e econômicas, é um objeto onírico. As vacas nos fazem sonhar...
Havia, na casa do meu avô, um quadro bucólico. Era um campo, com grandes paineiras floridas ao fundo e algumas vacas que mansamente pastavam. Eu, menino, gostava de ficar ali, olhando o quadro. E me imaginava assentado à sombra das paineiras gozando a felicidade de ter como companhia apenas as vacas, que nada pediam de mim. Não existe nelas nenhuma ética, nenhum comando. Nada querem fazer, além de comer o capim verde.
Já os cavalos provocam sonhos diferentes: criaturas selvagens, cheias de uma beleza enérgica, relincham num desafio para as corridas desabaladas e o vigoroso bater das patas no chão. O relinchar de um cavalo é um grito de guerra. Mas o mugido de uma vaca, apito rouco de um navio vagaroso, soa como uma oração... “de profundis...”
Acho que foi por isso, por esta sabedoria filosófica, que as vacas nos fazem sonhar, que os hindus as elegeram como seres sagrados. As vacas parecem estar em paz com
a vida – muito embora o seu destino possa ser trágico. Trágico não por causa delas, mas por causa dos homens, que pouco se comovem com seus olhos mansos. Cecília Meireles colocou num verso esta condição bovina, como paradigma da condição humana:
Sede assim – qualquer coisa serena, isenta, fiel, igual ao boi que vai com inocência para a morte”.
Pois bois e vacas, esvaziadas de suas belas e inúteis funções oníricas pelos homens práticos, estão destinados ao corte.
Passei pelo açougue, lugar onde se realiza o destino das vacas. Um açougue é o lugar onde a mansidão bovina é transformada em utilidade comercial. Para serem úteis elas têm de morrer. Sobre um balcão, um moderníssimo moedor de carne. O açougueiro, afiando sem parar a sua faca, corta as carnes que, um dia, pastaram à sombra das paineiras.
Por um buraco à direita entram os pedaços de carne. Ligada a máquina, giram as engrenagens invisíveis que trituram a carne. Operação necessária para que a vaca se torne útil ao homem. Em sua placidez filosófica, a vaca não é útil a ninguém, apenas a ela mesma. É preciso que a máquina a transforme numa outra coisa para ser útil ao homem. Na outra extremidade do moedor elétrico há um disco cheio de orifícios. Por eles esguicha a carne moída, que vai caindo em uma bandeja. Terminada a operação, o açougueiro toma um punhado de carne e o coloca sobre um pedaço de plástico e, por meio de uma manipulação destra, enrola-a sob a forma de um rolo, como se fosse um salame. E assim vai repetindo. Sobre o balcão os rolos vão se acumulando, todos iguais, um ao lado do outro.
Tentei conversar com os rolos de carne moída. Perguntei-lhes se sentiam saudades dos pastos, dos riachos, das paineiras floridas... Mas parece que haviam se esquecido de tudo. “Pastos, riachos, paineiras – o que é isso?” Parece que a máquina de moer carne tem o poder de produzir amnésia. Perguntei-lhes então sobre os seus sonhos. E me responderam: hambúrgueres, McDonald’s, Bob’s, churrascos... Só sabiam falar de sua utilidade social. E até falavam inglês...
Meditei sobre o destino das vacas. Fiquei poeta. A gente fica poeta quando olha para uma coisa e vê outra. É isto que tem o nome de metáfora. Olhei para a carne cortada, o moedor, os rolinhos e vi uma outra: escolas! Assim são as escolas... As crianças são seres oníricos, seus pensamentos têm asas. Sonham sonhos de alegria. Querem brincar. Como as vacas de olhos mansos são belas, mas inúteis. E a sociedade não tolera a inutilidade. Tudo tem de ser transformado em lucro. Como as vacas, elas têm de passar pelo moedor de carne. Pelos discos furados, as redes curriculares, seus corpos e pensamentos vão passando. Todas estão transformadas numa pasta homogênea. Estão preparadas para se tornar socialmente úteis.
E o ritual dos rolos em plástico? Formatura. Pois formatura é isto: quando todos ficam iguais, moldados pela mesma forma.
Hoje, quando escrevo, os jovens estão indo para os vestibulares. O moedor foi ligado. Dentro de alguns anos estarão formados. Serão profissionais. E o que é um profissional se não um corpo que sonhava e que foi transformado em ferramenta? As ferramentas são úteis. Necessárias. Mas – que pena – não sabem sonhar...
Sobre vacas e moedores - texto de Rubem Alves
Um dia a gente pára de salvar os afogados e começa a matar os atiradores de pessoas no rio.....
Memórias do que pode dar certo...

Sabe quando se tem quase a certeza de que as coisas não tem muita chance de mudar? E que a única saída é que o silêncio não dê trégua? E que tem que se espremer uma certa qualquer coisa no semblante?
Não que eu esteja reclamando da vida....mas às vezes a gente pode dar uma descompensada sem culpa. Todo mundo pode, inclusive eu que também sou filha de Deus.
É que às vezes a gente se sente perseguido por uma dúvida que alguém te põe a frente e que mexe com a nossa competência, ou ainda um cogito por demais pitoresco: espelho, espelho meu, existe alguém mais idiota do que eu?
Sinceramente tem coisas que me deixam doente (doente aqui = saco cheio). Já há algum tempo me descobri não gostando nenhum pouco de umbigos que se acham o universo.
Mas já percebi que sou de um humor um tanto “se fragol” – será que é por que já li aquela obra “Temperamento Forte e Bipolaridade”? Vai ver.. hahahah - e o que me irrita é aquele bem humorado que acaba humilhando o outro e ainda se esconde atrás de um “não me dou conta” que enoja ao espectador mais atento. Ai que saco!
Mas é que não tenho muita habilidade em fingir que tudo vai muito bem... acho bem mais fácil dançar o créu na velocidade cinco... hahahah
Essa história de “não vai doer” não funciona nem com criancinha.
Se na legenda do filme que estão passando vier a tarja “você não vale nada”, troque de canal que até dá pra ver a sessão da tarde – não esquecendo que antes sempre está o vale a pena ver de novo...
Mas vejamos pelo lado bom de se pegar um ônibus errado: faz de conta que tá fazendo turismo. Ótima idéia! Ainda tenho algumas ótimas idéias recheadas de sarcasmo. Não tem outro jeito. Rir da própria desgraça às vezes é a única saída. E que belo turismo pelas agruras da burrice alheia. Ai!... será que tô exercendo minha prepotência tão rasgadamente e sem dó? Mas é que tinha que desabafar um pouco pra não pirar o melão. Tenho, decididamente, que achar esse cara que tá atirando pessoas no rio... alguém tem que pará-lo!!!!
..."trata-se da história de um sujeito que brincava na beira-mar, em uma pequena enseada. De repente, ouve gritos de uma pessoa pedindo socorro pois estava se afogando a alguns metros dali. Sem vacilar, nosso personagem atira-se mar adentro e, com rápidas braçadas e algum esforço, consegue trazer o quase afogado de retorno às areias seguras. Mal teve tempo de concluir os procedimentos mínimos de auxílio ao recém-socorrido quando escuta novos pedidos desesperados de ajuda de um outro indivíduo, quase no mesmo lugar anterior. Rapidamente se assegurade que tudo está bem com o primeiro e se joga novamente ao oceano. Com algum cansaço redobra suas energias ao vir trazendo este outro sujeito à beira-mar, quando vê uma terceira pessoa cair do alto do penhasco ali ao lado e logo ficar se debatendo nas águas. Neste momento não teve dúvidas. Assim que chegaram em terra firme pediu para alguns curiosos, que estavam acompanhando a situação, nadar em direção à terceira pessoa que estava agora pedindo ajuda, enquanto ele subia pela encosta para examinar o que estava acontecendo. foi assim que descobriu um indivíduo que estava imobilizando pessoas e atirando-as ao mar, uma a uma, em uma espécie de "fábrica de produção de afogados"..."
- retirado do livro Sobrevivendo no Inferno - A violência Juvenil na Contemporaneidade / de Carmen S. Oliveira.
Família: "função", "grupo", "alternativas" e a "internação".

Entender a família enquanto função é crucial, principalmente frente a tantos "novos arranjos familiares" que às vezes chegam a arrepiar àqueles mais desavisados... A família é, antes de tudo, função. Isso significa que antes de se pensar numa configuração em si, com papai mamãe e filhinho, as famílias existem há muito tempo e tem função de organização social e para tanto deve exercer o estímulo à maturidade e o afeto.

A família é um grupo. E como grupo possui integrantes que se encontram interligados. No caso familiar esses integrantes ligam-se pelo parentesco, ancestralidade, e sua estrutura possuirá características peculiares. Quanto à estrutura podemos ver que existem as famílias nucleares (homem, melher e filhos, sendo biológicos ou não), monoparentais (pais únicos, em decorrência do divórcio, abandono, adoção por uma só pessoa), famílias ampliadas ou consangüíneas (onde existe extensão de pais para avós ou outros parentes) e as famílias alternativas que constituem as comunitárias (as crianças são de responsabilidade de todos os membros da família) e as homossexuais (ligação conjugal de duas pessoas do mesmo sexo com filhos adotivos ou biológicos de um dos parceiros).

Quanto às "alternativas", quero fazer a seguinte reflexão: Não podemos escolher a família que temos, mas desde que pertençamos a um grupo familiar teremos a oportunidade de buscar novos grupos e buscar funções familiares em grupos não necessariamente de familiares. Os outros grupos serão a família muitas vezes e alguns membros serão representados e exercerão a função de familiares que muitas vezes não estão disponíveis em nossas vidas.

A internação em comunidade terapêutica pode e deve ter significado de "movimento de saúde" e toda a família deverá movimentar-se junto, seja na aproximação e revisão de papéis, seja no acompanhamento em forma de visitas e contatos com a equipe multidisciplinar, seja acatando juntamente com a equipe a melhor forma de desenvolver o acompanhamento do residente, enfim, seja participando dos grupos de ajuda a familiares de dependentes químicos.

É preciso que a família se repense, se reveja nesses tempos tão individualistas, se dê conta de sua função social de limite=amor, de cuidado, de proteção e desenvolvimento rumo à maturidade. Seu sentido deve ser de melhora e progresso enquanto constituição de seres humanos. Deve buscar alternativas , apoio, quando a vida sinaliza que algo não vai bem e que há sofrimento (sintoma). Não deve culpabilizar o outro ou mesmo uma instituição, mas compartilhar de responsabilidades e trilhar um caminhos JUNTOS!

A construção é em conjunto, pois NINGUÉM PODE SOZINHO.

A gente "só é" "em relação ao outro, sempre" !!!
O que é terapia cognitiva?


A terapia cognitiva, fundada na década de 60 pelo psiquiatra Aaron Beck, integra um conjunto de técnicas terapêuticas fundamentada no modelo cognitivo. Nesse sentido, é aplicada como reformulação cognitiva de um pensamento disfuncional, proporcionando a melhora de comportamentos e consequentemente de um transtorno em decorrência deste. Trata-se de uma terapia estruturada, focal (e o foco são as cognições), orientada para o presente, de prazo limitado e que busca modificações de crenças distorcidas para que a emoção e o comportamento melhore.
Estudos controlados demonstram sua eficácia no tratamento de vários transtornos (depressivo maior, ansiedade generalizada, pânico, fobia social, alimentares, abuso de substâncias) e problemas de casais. Neste tipo de terapia o terapeuta ajuda o paciente no processo de ajuste cognitivo para o alcance de padrões mais verdadeiros e concordantes pelo paciente.
Resumidamente a terapia cognitiva é baseada em princípios que consistem em formulação contínua, aliança segura através do respeito pelo paciente, participação ativa de paciente e terapeuta, ter foco, enfatizar o presente, ensinar ao paciente a ser seu próprio terapeuta, 14 sessões com a freqüência semanal, revisão da sessão anterior para feedback, identificação do pensamento disfuncional e contínua busca de estratégias de mudança de pensamentos distorcidos.
Alcoolismo e Drogas na Terceira Idade


Que realidade é essa que acomete nossos queridos da famosa "melhor idade"?.. A conta é que todos nós passamos por um tempo onde se pede que se seja jovem e lindo! Mas que coisa mais cruel....

Se o povo não dar uma segurada em seu narcisismo a coisa vai de mal a pior.. Já que o termo "velho" está corrompido e enquadrar o idoso dos 65 em diante não dá muito certo, repensar o lugar do idoso do século XXI não nos dá escapatória. Segundo pesquisas, 6% da população mundial é idosa e o Brasil conta hoje com aproximadamente 13 milhões de indivíduos com mais de 60 anos de idade que compram cerca de 25% dos medicamentos vendidos. Nessa fase de desenvolvimento o idoso tem a sensação de perda e isso, se não bem elaborado, poderá levá-lo ao isolamento e a lançar mão de substâncias não só das medicações usadas indiscriminadamente, mas também poderão tentar resolver sua crise com a bebida alcoólica. A saída é viver em grupo, encontrar apoio nas relações que nem sempre surgem no grupo familiar. Família, trabalho, passatempos, viagens… todas estas atividades podem prevenir a fuga para um mundo onde se nega própria idade, onde se negam as rugas... Vivemos em tempos onde se nega a realidade e o hedonismo invade espaços e pessoas que não apropriaram-se da força que provém da união. A vida pode sim ter sentido, pois a terceira idade é, como todas as outras idades da vida, uma etapa ativa ... e como tal deve ser vivida!
Família X Dependência Química


A família sempre foi indispensável no sentido de ter um significado de civilização e, naturalmente, também a sua dinâmica teve que ser revista.
Em relação à dependência química, percebe-se que dentro da família tem significado até mesmo de "sintoma de que algo não vai bem" e a pessoa com dependência química é, muitas vezes, levada a assumir-se como anunciadora da doença familiar. Fica impossível então tratar a dependência química sem rever a dinâmica familiar e sem evolvê-la no processo de tratamento.
Mas como entender o sistema familiar enquanto vivenciando o problema da dependência química? Incluí-la é indispensável e um primeiro passo.
A família é um grupo e como tal é um sistema de relações e, sendo assim, o uso de drogas por algum membro terá repercussão direta no restante do grupo.
A família acometida pela dependência química passa por etapas assim como o próprio sujeito que a sofre. Essas etapas são descritas como a negação inicial onde ninguém fala aquilo que realmente pensa. Em seguida a família passa a tentar controlar a droga utilizando-se dos "segredos" seguidos de um caos total onde os papéis vão se confundir ainda mais.
A família ressentida, desacreditada, envergonhada contrasta, muitas vezes, com o dependente negando sua condição defensivamente, e todo esse movimento desune e um grande desgaste emocional se instala.
Cada família terá uma maneira própria de reações frente à entrada da droga. A crise atinge o insuportável quando então o uso de drogas é revelado, seja por terceiros ou pelo próprio dependente que já não se dá conta de que deixa indícios por onde vai. Apesar disso os laços parecem manter-se e isso pode ser explicado pela própria dependência entre os membros familiares seja de ordem emocional ou financeira.
Nessas famílias a influência do meio se dá repleta de cenas relacionadas ao uso de álcool ou drogas e os descendentes poderão repetir tais cenas tendo confirmada essa influência, impossibilitados de construírem novos ritos (saudáveis) até que então possa entrar em cena o trabalho dos profissionais.
Os sistemas familiares de usuários de drogas caracterizam-se pela presença do uso em varias gerações, pela qualidade simbiótica de relação entre mãe e filho que se estende, histórico de mortes inesperadas na família e uma pseudo-individuação que é buscada pelos membros dentro de uma fragilidade de regras e limites distorcidos.
É comum encontrar nas famílias de dependentes químicos a falta de barreiras entre as gerações, nível de individuação precário e inversão de papéis, a crença de que o que vem acontecendo é "coisa do destino" e em conseqüência disso o comodismo, o desentendimento do casal parental e as alianças secretas entres os membros.
O próprio ciclo de vida familiar é parâmetro na identificação de variáveis relacionadas aos problemas de abuso de drogas. Geralmente a formação do casal é precoce e muitas vezes decorrem de uma gravidez inesperada, adolescentes filhos de pais de meia idade não preparados para lidar com situações de transição e mudanças, e os grupos de amigos – que para o jovem servirá de diferenciação dos pais – num meio onde a disponibilidade das drogas aumenta a cada dia contribuindo para uma maior vulnerabilidade desse jovem.
Geralmente famílias com dependentes químicos não mudam, não evoluem, ficam paralisadas por não conseguirem elaborar perdas e ganhos. posteriormente, seguindo a linha de amadurecimento da família, deveria ocorrer que os filhos construíssem suas próprias famílias e os avós descansassem, mas nas famílias com dependência química o que vai acontecer é que os avós terão que cuidar dos netos e dos filhos, e a família irá aumento o número de agregados (genros e noras) embora a sensação de vazio siga.

A FÁBULA-MITO DO CUIDADO
( Fábula de Higino)

"Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma idéia inspirada. Tomou um pouco de barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter.

Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado.

Quando, porém Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome.

Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da terra. Originou-se então uma discussão generalizada.

De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa:

"Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura.

Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer.

Mas como você, Cuidado, foi quem, por primeiro, moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver.

E uma vez que entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: esta criatura será chamada Homem, isto é, feita de húmus,que significa terra fértil".
O Cuidado é Essencial


Há necessidade de um entendimento do consumo de substâncias dentro de um continuum de gravidade onde é importante a atenção de profissionais generalistas para diagnóstico precoce e encaminhamento em breves intervenções motivacionais. Outro ponto importante penso ser a etiologia baseada nos modelos neurobiológicos como sistema de recompensa (área tegmental ventral em direção ao núcleo acúmbens, córtex pré-frontal e sistema límbico, onde situações para a manutenção da vida estimulam o sistema de recompensa que aumentam o prazer favorecendo ao comportamento de repetição dessa busca de prazer -> via dopaminérgica relacionada à recompensa) e neuroadaptações (modificações causadas no SNC pelo uso continuado de substâncias). A questão dos fatores hereditários contribuindo para padrões de consumo indevido –hipótese atual considera necessária uma ação conjunta de vários genes levando a uma condição de vulnerabilidade em conjunto com o ambiente que então produziriam um fenótipo final. As propriedades farmacológicas de natureza ansiolítica ou euforizante das drogas bem como via, início, duração e intensidade do efeito produzido também interferem contribuem diretamente para o aparecimento da dependência que é Multifatorial -> envolve cultura, hereditariedade, fatores socio-economicos e ambientais.

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